Que horas são em Londres?

Frederick olhou para o seu relógio de bolso. Estava parado, marcava umas eternas 9 horas. Olhou para cima e o relógio da estação de Paddington caminhava visivelmente para as 9 horas.

Quando o ponteiro dos minutos se elevou completamente numa perfeita verticalidade, as 9 horas de Londres tinham chegado. Frederick pressionou o botão do seu relógio e este iniciou o seu mover, quase imperceptível, mas presente.

Frederick acenou para o funcionário da plataforma e entrou no comboio. Sentou-se junto a um casal vestido com umas belas vestes vitorianas, a moda da altura. Bem, naqueles tempos eram simplesmente vestes, e o vitoriano era o reinado da rainha.

Frederick pegou num livro e abriu-o na primeira página. Ah! Um livro novo. Espero que este seja tão bom como o que saiu há dois anos.

Frederick lia as descrições do Dr. Watson sobre o seu companheiro e intrincados pensamentos quando o comboio parou. Fred inspirou profundamente e levantou-se apressadamente. Tropeçou nas pernas da senhora. Após um rápido mas sentido desculpar e até uma suave vénia, Fred estava fora do comboio. 

Estavam na estação  de Reading, em todo o seu redor homens e mulheres caminhavam em direção ao comboio, rumo a Swindon; ou até para o Exeter. No meio deste incongruente e caótico fluxo humano, um homem sobressaía. Este estava parado e olhava em redor, como que à procura de inspiração.

Frederick foi ter com o homem. “Bom dia Sr. Walter. Belo dia que aqui temos, sim?”

“Sr. Colt, por favor, sou o Chefe da Estação, tenho que garantir que os comboios entram e saem a horas da minha estação. Prossiga para me dizer as horas de Londres, se faz favor.” Walter disse tudo isto sem baixar o queixo, olhando bem de cima Fred, com uma altivez quase régia.

“Perdão Sr. Walter.” Fred tirou o seu relógio do bolso do colete, abriu-o com um leve toque e mostrou o Tempo a Colt. “São 10 horas e 4 minutos em Londres.”

Fred retomou a sua leitura no comboio e prosseguiu a sua viagem. O comboio zuniu um afiado som e o fumo voou. Todo o veículo iniciou lentamente a sua viagem para a seguinte estação e para a seguinte. E para a seguinte. Ao passar pela plataforma, Fred viu Colt a subir a um escadote e a esticar-se para alcançar o relógio da estação.

Frederick Walter andou de comboio, leu, e disse a horas a homens de uniformes quase militares o dia todo. Depois de comunicar as horas de Londres ao chefe da estação de Bristol, Fred ficou a ver um belo exemplar dos tempos daqueles tempos ser ajustado - um enorme relógio adornado de números romanos e 3 ponteiros. Um para as horas e dois para os minutos, um para o tempo que se vivia em Bristol, e outro para o tempo que se vivia em Londres.


Frederick fez o seu enorme turno de mais de doze horas e chegou a Londres já a cidade dormia. Quando chegou olhou para o enorme relógio da estação e depois para o seu pequeno relógio na sua mão. 

Londres vivia nas 9h56, Frederick ainda só se encontrava nas 9h55.

Anterior
Anterior

Booglândia

Próximo
Próximo

O Pintor Ambulante